Apresentação

Que tipo de material didático é pensado neste documento?

O material didático hoje vai além dos velhos livros e apostilas utilizados em atividades escolares. Como apontam Filatro e Cairo (2016), a própria definição de “material” remete a um objeto tangível, algo que perdeu o sentido com o advento do hipertexto e da internet, dando origem a objetos educacionais virtuais como livros digitais, aplicativos, simuladores e jogos.

A convergência das mídias também pesa também na preferência por um suporte digital, em detrimento das mídias analógicas. A mobilidade e a ubiquidade, citados por Mill e Yamaguchi (2016), propiciam várias formas de acesso e interação: desde um computador na biblioteca até na tela do smartphone, durante uma viagem.

Relacionado diretamente às pessoas com deficiência, visual, está a tecnologia assistiva (TA), descrita pela Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD/PR) como

Como exemplo de TA há o leitor de tela, software que permite ao usuário cego “ler” o texto exibido na tela através de um sintetizador de voz. Outra ferramenta assistiva utilizada na interação com interfaces em tela são os recursos de lupa e contraste, que possibilitam ao usuário com baixa visão aumentar o tamanho do texto exibido, bem como alterar o esquema de cores do sistema operacional para que torne mais legível a sua condição visual. A preferência por um material didático digital envolve, portanto, a possibilidade de interação com tais recursos, ao contrário do texto em suporte impresso. Pesa também fatores econômicos e logísticos, como custos com impressão e distribuição de livros.

Todavia, um material didático digital acessível deve propiciar ao estudante alternativas em outras mídias, atendendo aqueles que apresentam dificuldades para ler em tela, como alunos com fotofobia, bem como permitir reprodução outras mídias, como texto em Braille.

O que um material didático digital acessível deve oferecer?

  • Integrar-se com tecnologia assistiva de interação com tela (leitores de tela e recursos de zoom e contraste);
  • Oferecer alternativas em outras mídias, como suporte impresso e áudio, por exemplo;
  • Ser responsivo a dispositivos variados, com tamanhos diversos de tela (computador, tablets, smartphones e outros).

Como o e-book foi dividido?

O mapeamento de diretrizes revelou um conjunto de práticas recomendadas na produção de materiais didáticos digitais, de modo a torná-los acessíveis a pessoas com deficiência visual, representados aqui por pessoas com perda visual total, perda visual parcial e distúrbios do trato ocular, como daltonismo e fotofobia. Para favorecer a consulta, essas práticas recomendadas foram divididas em duas categorias:

  • 1. Estrutura;
  • 2. Desenho;
  • 3. Mídias.

Cada recomendação apresenta exemplo com imagens, com destaque em azul, e informação para que tipo de material didático é voltado tal recomendação, seguindo modelo de portfólios educacionais proposto por Filatro e Cairo (2016).

Linguagem Solução educacional
Hipertexto E-book (livro digital)
Imagem Organizadores gráficos
Infográficos
Histórias em quadrinhos
Ilustrações multiquadros
Áudio Podcasts
Audiolivros
Vídeo Videoaulas
Entrevistas e debates
Noticiários
Documentários
Vídeos de modelagem de comportamento
Narrativas instrucionais
Multimídia Apresentação de slides
Animações
Objetos de aprendizagem
Jogos educacionais
Simulações

Quadro 1 – Visão geral dos conteúdos educacionais digitais.

É importante observar que, dependendo do formato e tecnologias aplicadas no material didático, algumas recomendações podem ser adaptadas ao contexto, como por exemplo, recomendações para navegação em histórias em quadrinho interativas.